Perturbações dos Sons da Fala e Processamento Auditivo: Como se Relacionam e o que Fazer?
🧠 Introdução
“Mamã, ele não me entende!” ou “Fala mal porque ainda é pequeno” são frases que ouvimos com frequência — mas será mesmo apenas uma questão de crescimento? A verdade é que muitas crianças com dificuldades na fala ouvem bem... mas não processam corretamente o que ouvem. E isso muda tudo.
As perturbações dos sons da fala (PSF) são uma das razões mais comuns para procurar um Terapeuta da Fala. No entanto, o que por vezes passa despercebido é que, por detrás destas dificuldades, pode existir uma Perturbação do Processamento Auditivo Central (PPAC) — uma condição em que o cérebro tem dificuldade em interpretar sons, mesmo que os ouvidos funcionem normalmente (Rvachew & Brosseau-Lapré, 2024; Shriberg et al., 2019).
Quando o cérebro não interpreta corretamente os sons da fala, a criança pode ter dificuldade em distinguir palavras semelhantes, seguir instruções orais, aprender novas palavras ou desenvolver uma fala clara e compreensível. E, muitas vezes, isto leva a frustrações, más interpretações… e atrasos evitáveis.
🔍 1. O que é o Processamento Auditivo Central (PAC)?
O PAC é a forma como o cérebro organiza, discrimina e compreende os sons que escutamos no dia a dia — sobretudo a fala. Vai muito além de “ouvir bem”: é conseguir focar-se num som num ambiente barulhento, diferenciar palavras parecidas, ou lembrar uma sequência verbal curta. Quando o PAC não funciona bem, chamamos-lhe PPAC — Perturbação do Processamento Auditivo Central.
🗣️ 2. Como o PAC afeta a fala?
Imagine tentar construir uma casa com peças partidas. Se os sons da fala não forem bem processados, a criança não forma representações estáveis no cérebro, o que a impede de reproduzir corretamente esses sons. Resultado? Erros como trocar “copo” por “topo” ou “gato” por “dato”. E, se não for identificado atempadamente, o problema pode persistir para além da infância (Shriberg, 1994).
👂 3. O que é a PPAC?
A PPAC é uma condição em que a criança ouve, mas o cérebro falha na interpretação da informação sonora. As crianças com PPAC podem:
Não perceber bem a fala no meio do barulho;
Trocar sons semelhantes;
Ter dificuldade em seguir instruções;
Parecer distraídas ou “ausentes” em sala de aula.
E tudo isto sem nenhuma perda auditiva detetada nos testes convencionais (Moore & Hunter, 2022).
🗨️ 4. O que é a PSF?
A PSF — Perturbação dos Sons da Fala — refere-se a dificuldades persistentes em produzir corretamente os sons. Pode surgir por causas:
Fonológicas (o cérebro não organiza bem os sons),
Articulatórias (a boca, a língua ou os músculos têm dificuldade em coordenar-se),
Ou ambas.
Crianças com PSF podem:
Trocar letras (ex.: “sapo” → “tapo”),
Omitir sons (ex.: “escola” → “ecoa”),
Ou distorcer sons, tornando a fala difícil de perceber (Dodd, 2014; McLeod & Baker, 2017).
🧩 5. Como se manifesta cada uma?
Perturbação PAC:
Dificuldade em perceber a fala no ruído
Falha em seguir ordens orais
Problemas de memória auditiva verbal
Confusão entre palavras parecidas
Dificuldade em distinguir sons parecidos
Dificuldade em localizar de onde vem o som
Integração auditiva lenta
Perturbação dos Sons da Fala:
Troca de sons (ex.: /k/ por /t/)
Omissões de sons
Distorções fonéticas persistentes
Inconsistência ao repetir palavras
Fala pouco inteligível
Atraso na aquisição fonológica
Falha na generalização do que aprendeu
🔗 6. Como se relacionam?
A ciência tem sido clara: PSF e PPAC estão muitas vezes ligadas. Um estudo português (Vilela et al., 2016) mostrou que crianças com dificuldades graves na fala tinham também défices de processamento auditivo. E uma revisão internacional (Drosos et al., 2024) confirma: problemas no PAC dificultam a aprendizagem dos sons da fala, da leitura e da escrita.
⚠️ 7. O problema: Intervenções parciais, resultados limitados
Muitas crianças com PSF são tratadas apenas com exercícios articulatórios, sem que se investigue como o cérebro está a processar os sons. Isso leva a terapias longas, frustrantes e pouco eficazes — porque o problema de base, o PAC, continua por resolver.
✅ 8. A solução: Avaliar ambos e intervir de forma integrada
Na NeuroSound Learning, unimos ciência e inovação: avaliamos tanto a fala como o processamento auditivo central, e desenhamos planos personalizados com treino auditivo, jogos de nomeação lexical, consciência fonológica e produção articulada — tudo integrado, tudo com base na evidência.
🎓 9. Conclusão
Se o seu filho ou aluno fala mal, troca sons ou tem dificuldades em compreender instruções orais — não assuma que é “normal da idade”. Pode haver um problema mais profundo, que precisa de ser identificado e tratado o quanto antes. A deteção precoce e a intervenção integrada fazem toda a diferença.
📘 Recursos úteis para pais e professores:
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